Encantada com o que viu, voltou ao início o álbum de fotografias do pai, para olhá-las novamente.
– Ficaram lindas, pai! – exclamou ao observar novamente os detalhes tão nítidos do parque cheio de pessoas aproveitando o dia.
Por um momento, o cérebro de Lídia passou a acreditar que ao tocar na foto poderia sentir as texturas do lugar.
– Quase sinto o cheiro da grama e da brisa que joga os cabelos da moça para trás. – Encontrou o olhar feliz do pai após dizer.
– Essa é a intenção.
– Posso usar algumas no meu blog? – perguntou, lançando aquele sorriso que era capaz de convencê-lo sempre.
– Claro que pode.
Lídia não seguiu a profissão dos pais que eram fotógrafos, escolheu ser escritora, mas amava acompanhar todo o trabalho deles. Sempre que olhava as fotografias novas, sentia-se inspirada a escrever.
– Uma vez li em uma revista que o trabalho do escritor e do fotógrafo são parecidos – comentou distraidamente, após retirar mais um álbum da caixa do pai.
– Acredito que sim – ele disse, voltando a se sentar ao lado da filha assim que buscou o notebook para mostrar as fotos novas que tirou naquela semana. – Trabalhamos de maneiras diferentes, mas o nosso foco é o mesmo. Enquanto você descreve detalhes, emoções, momentos, texturas, cheiros e se atenta a passar o cenário em palavras para alguém, eu as capturo com as lentes de minha câmera.
– O lado bom de ser filha de fotógrafos é que posso roubar os cenários de suas fotos para criar minha história.
– Isso se chama trapacear. – O homem de cabelos grisalhos riu ao ver a filha revirar os olhos.
– Não, se chama otimizar o tempo.
– Espertinha.
Lídia sentiu os dedos da mão direita do pai bagunçarem seus cabelos, quando ele fez um cafuné em sua cabeça.
Passar a tarde na casa de seus pais aos domingos era muito especial para ela. Amava ouvir como foi a semana deles e contava sobre a sua.
O momento ficava mais perfeito quando sua mãe trazia chá e bolo de chocolate para acompanhar a deliciosa conversa que teriam. E lá estava ela, a mulher que lhe dera a vida com a bandeja vermelha nas mãos, sorrindo como sempre.
Lídia não podia desejar vida melhor que aquela.
Crônica de Regiane Silva
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