3 livros leves para os dias difíceis

1 de setembro de 2024 - Regiane Silva

Estante de livros com uma mensagem escrita na foto 3 livros leves para momentos difíceis

Não é todo dia que estou com vontade de ler por longos minutos. Há aqueles dias em que a mente está cansada, que a concentração está falhando, que o emocional não está bem, que o corpo está exausto. E são nesses dias que mais quero me aconchegar em um sofá (ou na cama) e ler um bom livro. No entanto, nem sempre consigo fazer isso e começo a acreditar que a ressaca literária chegou.

Entretanto, pode ser que apenas não estamos com o livro certo em mãos. Por isso, vou indicar três livros leves e fáceis para esses momentos difíceis. São livros que não nos deixam ansiosos nem irritados, também não vamos querer chorar ou rasgar as páginas devido à raiva que algumas histórias nos fazem sentir. São livros que podemos ler um capítulo por dia, graças ao tamanho pequeno deles.

Outra coisa que me atraiu a esses livros é que esses personagens também gostam de ler e sempre têm um livro com eles. Então, isso me influencia a ter vontade de ler também.

Pegue um café ou um chá e anote o nome dessas obras perfeitas para a suposta ressaca literária.

O Alquimista – Paulo Coelho

(Bebida que combina com o livro: café)

Este livro visa passar algumas lições. Já vi leitores o enquadrarem em autoajuda, já outros dizem que não é autoajuda, e sim uma literatura fantástica. Para mim, isso não é importante, e sim quanto o conteúdo dele foi agradável de ler e me fez refletir um pouco sobre viver no momento presente e entender que podemos fazer muito mais do que acreditamos ser capazes.

É o livro brasileiro mais traduzido do mundo e ficou por 425 semanas consecutivas entre os títulos mais vendidos do New York Times.

Santiago é um jovem pastor de ovelhas, que tinha essa profissão porque gostava de viajar. Então, ele ia de um lugar a outro para vender a lã das ovelhas, conhecendo pessoas e lugares diferentes.


Tinha um casaco, um livro que podia trocar por outro, e um rebanho de ovelhas. O mais importante, entretanto, é que todo dia realizava o grande sonho de sua vida; viajar. Quando cansasse dos campos de Andaluzia, poderia vender suas ovelhas e tornar-se marinheiro. Quando cansasse do mar, teria conhecido muitas cidades, muitas mulheres, muitas oportunidades de ser feliz. (p. 30)

A vida dele era essa e estava em paz com isso. Porém, ele tinha um sonho que se repetia muito, e resolveu procurar uma mulher que sabia interpretar sonhos. A interpretação foi que ele deveria ir até as pirâmides do Egito, onde encontraria um tesouro e ficaria rico. Ele não acreditou nessa história de ficar rico devido a um sonho até encontrar um rei que o faz mudar de ideia. Então, ele se desfaz do seu rebanho e parte em busca desse tesouro.

Não é uma jornada fácil, porém ele não desiste, apesar de querer isso em muitos momentos. Santiago vai conhecer várias pessoas em seu caminho e cada uma delas terá uma importante lição para ensinar. Como o comerciante de cristal, que vai dar ao rapaz um emprego em Tânger depois que ele foi roubado, logo no início de sua aventura. Tudo isso o fará entender que o tesouro não será apenas material, mas o conhecimento adquirido ao longo daquele trajeto seria ainda mais importante em sua vida.

Há uma reviravolta no final da história, que deixou tudo ainda mais divertido porque eu havia concluído que o objetivo dele fora concretizado, mas não foi. Então, se tornou um final surpreendente.


Quando todos os dias ficam iguais é porque as pessoas deixaram de perceber as coisas boas que aparecem em suas vidas sempre que o sol cruza o céu. (p. 48)


Esse é um livro que quero muito reler daqui a alguns anos.

A Caderneta Vermelha – Antoine Laurain

(Bebida que combina com o livro: chocolate quente)

Ele tem uma estrutura diferente dos livros que estou acostumada a ver. Os parágrafos são bem longos e não há marcações para os diálogos. Eu descobria que era um diálogo quando já estava na metade dele. Depois me acostumei a esse ritmo.

O livro se passa na frança, com aquela atmosfera parisiense aconchegante que eu tanto amo.

Laure, ao voltar para casa, é assaltada e sua bolsa foi levada. O que mais partiu seu coração não foi a perda do dinheiro ou do celular, e sim que seus bens mais valiosos, emocionalmente falando, foram levados dela.


Roubaram minha bolsa. Não estou ferida. Estou viva. Ergueu os olhos para as caixas de correspondência, leu seu nome, seu sobrenome e seu andar: quinto, à esquerda. Sem chave, quase às duas horas da manhã, não poderia abrir a porta do quinto, à esquerda. Esse fato muito concreto ganhou forma em sua mente: Não posso entrar em casa e roubaram minha bolsa. Já não está comigo, jamais a verei de novo. Uma parte de si mesma acabava de desaparecer da maneira mais brutal. Olhou ao redor como se a bolsa fosse se materializar, anulando a sequência que acabava de acontecer. Mas não, a bolsa já não estava ali. Estava longe, nas ruas, arrancada, voava no braço do homem que corria, ele iria abri-la e encontrar suas chaves, seus documentos de identidade, suas lembranças. Toda a sua vida. Ela sentiu lágrimas arderem em seus olhos. Medo, desespero e raiva se misturavam ao tremor das mãos, que parecia não querer parar nunca, e a dor na nuca se tornou mais forte. Passou os dedos pelo local, estava sangrando, e, claro, os lenços de papel tinham ficado na bolsa. (p. 8)


O livreiro Laurent encontra uma bolsa feminina abandonada numa lixeira, mas não há nada nela que o ajude a encontrar a dona – nenhum telefone ou endereço. Mas ele fica curioso com aquilo e a leva para casa, tirando de dentro todos os objetos que ainda restavam nela, tentando encontrar neles algo que o levasse a dona deles. O que mais chama a atenção de Laurent é a caderneta vermelha, repleta de anotações, ideias e pensamentos. Isso o faz querer conhecer ainda mais aquela pessoa.


Eram quase onze horas da noite. Sempre sentado no chão e agora rodeado de objetos, Laurent estava mergulhado na caderneta Moleskine vermelha que guardava em dezenas de páginas os pensamentos da desconhecida, às vezes rasurados, sublinhados ou escritos em maiúsculas. A letra era elegante e desenvolta. Ela devia tê-los registrado ao sabor de seus impulsos, certamente em varandas de cafeterias ou durante trajetos de metrô. Laurent estava fascinado por aquelas reflexões que se sucediam, aleatórias, tocantes, desmioladas, sensuais. Ele havia aberto uma porta que levava à mente da mulher da bolsa lilás e, embora se sentisse meio descortês por ler as páginas da cadernetinha, não conseguia largá-la. (p. 26)

O foco nem é a caderneta vermelha, algo que estranhei, afinal é o título do livro. Porém, a bolsa é a parte mais importante em toda a história. Gradualmente, descobrimos o significado daqueles objetos que estavam dentro dela, coisas que eram muito importantes para Laure.

Laurent se aventura e faz algumas loucuras para devolver a bolsa, e de repente temos um romance para aquecer o coração.

Véu do Tempo – Claire R. McDougall

(Bebida que combina com o livro: chá)

Este livro sempre me fazia ter um chá para acompanhar a leitura, já que estamos falando de uma história que se passa na Escócia, durante a época chuvosa, e todos lá tomam chá para se aquecer.

Maggie é uma mulher que sofre com epilepsia, e durante esses momentos ela tem sonhos. Mas esses sonhos, para ela, se parecem mais com viagens no tempo. Ela volta ao passado e vive experiências com personalidades reais da história. Evitava contar às pessoas essas aventuras, pois a achariam louca. Seu casamento acabou, sua filha mais nova sofria do mesmo problema que ela e acabou falecendo, sobrando apenas o filho Graeme.

Sua relação familiar é bem caótica, todo mundo meio afastado. É triste como colocam a culpa nela por um problema que não podia controlar. Mas não é um livro pesado, eu garanto.

Maggie resolve fazer uma viagem a Dunadd para escrever uma dissertação sobre as bruxas, ela é historiadora, e acaba tendo suas crises, que a levam ao século VIII, na era medieval, quando as mulheres não eram chamadas de bruxas, e sim consideradas sábias e importantes para o povo. Uma época antes de o cristianismo se espalhar e os ingleses invadirem.


Foi a Igreja que queimou as bruxas. O forte estava aqui antes de tudo isso, num tempo em que as bruxas eram mulheres druidas. ‘Ban-druidhe’, eles as chamavam em seu antigo idioma, o gaélico. Era uma posição de destaque. (p. 21)

Ela tem um vizinho, com quem compartilha essas experiências, percebendo que tudo que ela viveu em seus sonhos, na antiga Dunadd do século VIII, eram fatos historicamente reais, coisas das quais ela não sabia que tinha acontecido. Isso a cofunde sobre estar mesmo sonhando ou viajando no tempo.

Nessas “viagens”, Maggie conhece Fergus, irmão do rei, e eles se apaixonam. Agora ela tem que se decidir entre fazer a cirurgia que pode curá-la dessa doença, para poder acompanhar a vida do filho e viver em sua própria época, ou continuar vivendo no passado, onde seu grande amor vive e no qual ela é mais feliz.

É um livro rico em história da Escócia; aprendemos um pouco sobre o grande massacre de mulheres que existiu durante a Inquisição na Europa. Não é uma história pesada nem intensa, a autora escreve com muita delicadeza e de uma forma simples, fácil e instigante. O clima é frio e molhado, então é um ótimo livro para ler num dia de chuva.


Ela parece ser o centro das coisas na aldeia: parteira, professora, conselheira. Gostaria de saber se é por isso que a Igreja se opôs às bruxas: não queria velhinhas no centro das coisas. (p. 164)


Espero que esses três livros possam ser úteis a você quando estiver em um dia difícil.

Postagem feita por:

Foto Regiane Silva Regiane Silva

Deixe um comentário para motivar a autora

Cancelar resposta?